Carlos Licá
Em
"Avonmore", o veterano Bryan Ferry nos ensina como se
recicla no estilo, como se preserva os elementos sonoros que
funcionaram bem no passado e como se continua a fazer algo grande
depois de tantos anos de carreira. O repertório agrada, por igual,
àqueles que procuram algo novo e atípico e, ao mesmo tempo, aos
saudosístas dos anos 70 e 80. Vale destacar também as participações
de Steve Jones (Sex Pistols), Johnny Marr (ex-The Smiths, que toca em
quase todas as faixas) e o mestre Mark Knopfler (Dire Straits).
Abrindo
o álbum temos a cativante "Loop de Li". A faixa é um
excelente exemplo de como se pode mostrar versatilidade em uma só
canção. Nela encontramos, ao mesmo tempo, um clima de introspecção
nas linhas vocais, um rítimo dançante comandado pela ótima
interação entre a bateria e outros instrumentos de percução,
teclados utilizados com muito bom gosto e discretos, porém, bons
solos de guitarra.
Seguimos
com a swingada "Midnight Train". Destaque para a
maravilhosa melodia vocal e, novamente, o trabalho rítmico. As
coisas se acalmam em "Soldier of Fortune". A canção é
marcada pela ótima interpretação vocal de Bryan e abre mais espaço
paras as guitarras. "Driving me Wild" segue mais ou menos a
mesma fórmula da canção anterior, porém com vocais mais
incisivos, mais rock 'n' roll mesmo.
"Special
Kind of Guy" mostra-se um dos pontos altos de "Avonmore".
A canção traz arranjos bastante interessantes e complexos
especialmente no trabalho desempenhado pelos teclados, pela textura
sonora obtida através das guitarras e, pra variar, pela melodia
vocal e pelo belo timbre de voz do cantor.
A
faixa-título já dá as caras com teclados sombrios mesclados a uma
levada cheia de swing. A linha vocal de Bryan é certeira e vai
direto ao ponto. É uma daquelas canções que você pode ouvir uma
só vez, pode não lembrar de quem é, mas, certemente, você sempre
se lembrará dela.
Depois
temos a bela e tranqüila "Lost". Prosseguimos com a
dançante "One Night Stand". Temos depois uma versão para
"Send in the Clowns", canção dos anos 70 originalmente
composta para o musical "A Little Night Music" e foi várias
vezes regravada (Frank Sinatra, Judy Collins, Renato Russo e etc). A
gravação de Ferry esbanja personalidade e o resultado não
decepciona. É tudo trabalhado com tanto bom gosto e personalidade
que até parece uma de suas canções.
Para felicidade geral, o álbum é encerrado em seu momento máximo com "Johnny and Mary". A versão supera e o registro original de Robert Palmer. Temos um rítmo bem mais tranqüilo, um clima bastante dramático e introspectivo e uma interpretação nada menos que genial e emocionante de Bryan nos vocais.
SOBRE O COLUNISTA :
CARLOS LICÁ
Nascido em 1985, na cidade do Rio de Janeiro, Licá apaixonou-se pela música graças ao clássico álbum Live After Death, do Iron Maiden.
Mais tarde, começou a se interessar por guitarra e freqüentou aulas de canto. Aprecia bandas e artistas de gêneros bastante variados:
Hanoi Rocks, Iron Maiden, Skid Row, Ratt, Winger, Stryper, Grim Reaper, Guns 'n' Roses, New York Dolls, Aerosmith, Joy Division,
Ramones, Muddy Waters, Jerry Lee Lewis além de obras de gênios da música erudita como Beethoven, Mozart, Chopin, Seixas e Villa-Lobos.
0 comentários:
Postar um comentário